Downsizing: ele pode salvar a sua empresa?
- Virginia Motta
- 9 de fev. de 2023
- 3 min de leitura

Na semana passada, li vários artigos na rede falando sobre empresas que realizaram #demissão em massa no primeiro mês de 2023. Claro que as repercussões nas mídias sociais não foram nada boas. Isso porque a maioria das pessoas sentem empatia por aqueles que passam por esta situação: chegar ao trabalho e receber um e-mail ou um anúncio que a empresa, por questões financeiras e de mercado, resolveu reduzir o seu quadro de funcionários e seu nome não consta mais no quadro de colaboradores.
Essa prática não é nova e foi muito realizada durante a recessão mundial de 2008. De acordo com os estudos da Harvard Business Review, entre o final daquele ano até meados de 2010, foram demitidos mais de 8 milhões de trabalhadores nas empresas americanas. As consequências financeiras a curto prazo foram até positivas, mas a longo prazo, custou muito para estas empresas.
Por que me refiro a longo prazo? Porque muitos funcionários que estavam na empresa há anos e detinham o conhecimento foram mandados embora. Aqueles que ficaram lutaram para administrar a carga de trabalho excedente e tiveram pouco tempo para adquirir novas habilidades. Outros, perderam a confiança na gestão e sua produtividade caiu drasticamente, bem como o seu engajamento e lealdade com a empresa. Afinal, eles poderiam ser os próximos.
Para aqueles que gostam de números e dados, o artigo “If You Think Downsizing Might Save Your Company, Think Again” (HBR) é bem interessante e foi escrito bem antes da pandemia, quando vimos a prática retornar para o cenário mundial.
Já olhando para o nosso país, tive uma conversa com o #CEO de uma empresa de marketing digital que é um grande fã do @Elon Musk. Eu também sou, acho que ele possui uma capacidade de inovação surpreendente, mas não sou nem um pouco fã das suas ações quando o assunto é relações humanas. Voltando a história, nossa discussão era para o fato dele ter demitido milhares de funcionários do Twitter assim que ele comprou a empresa. Se não me engano, fez isso por email. Ele está certo em realizar a demissão em massa? Talvez. Mas com certeza o método que ele usou para fazer isso não o certo e muito menos o melhor.
Claro que o CEO defendeu o Musk com unhas e dentes e eu continuei na minha posição: ok, entendo que a redução pode ter sido a melhor solução para o negócio, mas demitir por e-mail? A pessoa que recebeu aquele e-mail se dedicou para o negócio crescer. Investiu tempo, conhecimento e, muitas vezes, abriu mão da sua vida pessoal. E no final ela é demitida por um e-mail?
Mas eram mais de 2000 pessoas, Virgínia - retrucou o CEO, além disso, ele pagou uma série de outros benefícios para estas pessoas durante o processo. Ótimo, não deixou as pessoas com uma mão na frente e outra atrás. Mas eu tenho certeza que o nível de angústia e ansiedade destas pessoas não tem preço. Você recebe o e-mail, chega em casa, conta para a família que depois de anos foi demitido, olha para as suas contas e pensa: e agora, quê que eu vou fazer? Não está fácil para ninguém se recolocar no mercado e o meu salário atual não é qualquer empresa que paga. Já se colocou nesta situação?
Não rendemos muito mais conversa depois disso porque era uma queda de braço e ninguém queria abrir mão do seu ponto de vista. Quem está certo e quem está errado? Não sei. Mas tenho certeza que as milhares de pessoas que foram demitidas tinham um “chefe” e esse “chefe” poderia ter dado a notícia de uma maneira muito mais humanizada.
Acho que não existe uma maneira certa para fazer um #downsizing, mas com certeza deve ter uma forma mais humana. Se cada um que precisar tomar esta ação se colocar no lugar do outro que está recebendo a notícia, com certeza ele vai achar a melhor forma para fazer isso.
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