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NEURODIVERSIDADE NAS EMPRESAS: precisamos aprender mais

  • Foto do escritor: Virginia Motta
    Virginia Motta
  • 22 de mai. de 2023
  • 3 min de leitura

Temos visto o número crescente de diagnósticos de pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) e outras patologias que se enquadram como neurodivergentes (quando falamos de uma única pessoa), ou simplesmente, neurodiversos (grupo de pessoas neurodivergentes).

Um neurodivergente, como definido pela Stimpunks Foundation, uma ONG de suporte à aprendizagem de pessoas com deficiências, “significa ter uma mente que funciona de maneiras que divergem significativamente dos padrões sociais dominantes do que se considera como ‘normalidade”.

Exemplos de pessoas que se encaixam nesse conceito são aquelas portadoras de Transtorno do Espectro Autista (TEA), dislexia, TDAH, síndrome de Tourette, discalculia, disgrafia, etc. De uma forma resumida, os cérebros dessas pessoas “processam” as informações de formas diferentes do esperado ou tido como convencional, especialmente em relação a estudos e trabalho.

E por falar em trabalho, ainda vejo um estigma muito grande em relação ao assunto no mundo empresarial. Hoje temos vários estudos que comprovam a eficácia no diagnóstico, tratamento e estratégias necessárias para o melhor convívio em sociedade, pois é uma dificuldade de muitos.

Uma matéria do Época Negócios (2022), relata que, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, “uma a cada 44 crianças que nascem hoje no mundo recebe o diagnóstico de autismo. Mesmo assim, os índices de empregabilidade são baixos: apenas 15% das pessoas com TEA em idade adulta no Brasil estão empregadas.”

Fico pensando quantas pessoas, com ótimos perfis, desistiram de um processo seletivo por receio de não se encaixar, ou por exemplo, seja alguém com dificuldade em interação social como no caso do TEA e foi submetido à uma dinâmica em grupo. Imagino ainda mais, casos de pessoas que sentem que são diferentes, não são diagnosticadas e seguem enfrentando muitos problemas no ambiente de trabalho. E aquele grupo que sabe que é neuroatípico mas enfrenta tudo no seu íntimo pois não tem oportunidade de ser o que é no trabalho por causa de represálias ou simplesmente a empresa nunca demonstrou interesse em ações de inclusão? São muitos casos que podemos imaginar, não é mesmo?

Chegamos em um ponto crítico do assunto, pois evoluímos muito no conceito de liderança, gestão, equipes autogerenciáveis, etc, mas precisamos evoluir ainda mais quando falamos de senso de pertencimento no que concerne à inclusão de pessoas neurodiversas. Quantos colegas na sua empresa, diagnosticados ou não se sentem bem trabalhando em um local que não oferece o mínimo de estímulos, processos e rotinas diferentes para terem uma melhor qualidade de vida? Já parou para pensar quantos casos de pedidos de demissão, estresse e burnout podem estar ligados a casos de patologias neuro?

A verdade é que, ao se limitar para a neurodiversidade, muitas empresas acabam perdendo a oportunidade de reter grandes talentos que, exatamente por suas diferenças, potencializam o negócio. São eles com maior poder de discussão, são mais abertos à inovação, situações que necessitam de adaptação e criatividade. Segundo o National Institute of Economic and Social Research (Niesr), quando líderes constroem equipes neurodiversas, vantagens como aumento de feedbacks, menção de ideias diferentes e um excelente trabalho em processos de alta complexidade são corriqueiros.

Claro que conseguimos compreender que ter uma pessoa neuroatípica no time causa uma ‘revolução’ e problemas de convivência, adaptação à rotina, interação, dentre outros, mas são extremamente previsíveis e passíveis de solução. Empresas como Johnson & Johnson e Itaú já vem realizando um excelente trabalho com pessoas neuroatípicas através de diferentes métodos de trabalho.

Minha opinião: as empresas, alta gestão, líderes e liderados, TODOS precisam conhecer mais sobre neurodiversidade e como trabalhar isso internamente! Vocês podem começar criando debates, proporcionar um ambiente de inclusão criando espaços de colaboração, montando estratégias de formas diferentes para conclusão das tarefas e alcance das metas, dentre outros. Ofereça apoio psicológico, ferramentas de saúde corporativa, ações de engajamento e conscientização para todos, procurando sempre oferecer um ambiente propício ao bem-estar. Isso não é gasto, é investimento com retorno certo.

Recrutadores: vamos trabalhar maneiras diferentes de realizar processos seletivos! Identifique se há alguém que necessita de uma atenção especializada e aumente a inclusão dessas pessoas nos processos. Comece por você! Você é o primeiro contato que ela terá, pense nisso.

Empresas: não façam isso pela imagem, mas pelo resultado positivo que terão e da diferença que farão na sociedade. Imagem é consequência do seu trabalho, de como você lida com as diferenças e o quanto se aprende com tudo isso!


 
 
 

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